Fiquei a pensar em algumas vivencias que presenciei ao longo da vida para postar hoje, e uma em especial saltou a lembrança e me chamou bastante a atenção.
Eu tinha um conhecido em um asilo, visitava-o sempre que podia, nunca quis que seus familiares soubessem, era algo meu, íntimo, enfim.
A cada vez que ia visita-lo me confraternizava com os demais velhinhos e ouvia as suas histórias, suas tristezas, suas alegrias e tentava absorver ao máximo as suas experiências de vida.
Além é claro de compartilhar com a presença do meu bom e velho amigo, ouvi muitas histórias de abandono, maus tratos e imensa solidão.
Homens e mulheres que um dia contribuíram para o crescimento e o desenvolvimento deste País, mas que agora estavam a margem, abandonados pela sua própria família.
Alguns não foram abandonados, necessitavam apenas de cuidados especiais, coisa que muitos filhos ou parentes não podiam arcar, as histórias eram diversas e os seus desdobramentos culminavam para aquele fim e esta era a situação do meu amigo.
Um dia conversando com este meu velho amigo idoso, o perguntei se ele tinha filhos, se já viveu um grande amor, se um dia teve de fato uma família, pois de todos era o único que não havia filhos para o visitarem.
Seus olhos marejados de profundas lagrimas me confidenciaram que não teve esta oportunidade, ou seja de ter uma família, disse-me que casou novo, morava na roça e se apaixonou perdidamente.
Sua esposa era a alegria de seus olhos, quando chegava em casa todas as tardes depois da lida.
Contou-me que seu coração batia forte toda vez que avistava aquela mulher que arrebatara seu coração, seu amor e seu desejo eram sempre voltados para ela.
Perguntei o que mais a agradava naquela que era a mulher de sua vida, ele simplesmente me respondeu; "O seu olhar, menino! O que me encantava nela era o seu olhar."
Muito curioso perguntei se ela havia ficado ali com ele se falecera a pouco tempo, ele contou o que para mim foi algo revelador.
Disse que se separaram ainda na juventude, ela o havia traído, não me deu muitos detalhes, sua fala era firme porém com ar saudosista.
Era como se ele quisesse voltar no tempo para tentar acertar o que havia dado errado, mas como ele e eu sabíamos, o tempo jamais poderia voltar atrás.
Desde que se separou viveu pequenos flertes, coisas insignificantes, tudo buscando preencher o vazio que aquela jovem mulher na época deixara.
Nunca mais constituiu família, passou o resto de sua vida na mais completa solidão, sua saúde fora consumida pelo alcool e pelo fumo, trazendo doenças crônicas que mais tarde contribuíram para a sua morte.
Hoje pensei neste meu bom e velho amigo, mesmo sofrendo do coração, tentou transmitir um pouco de alegria a quem estava a sua volta, inclusive a mim..
Sua vida me deixou ensinamentos profundos, por isso deixo aqui a minha homenagem póstuma ao meu bom e velho amigo.
Descanse em paz.
O Sacerdote.
Eu tinha um conhecido em um asilo, visitava-o sempre que podia, nunca quis que seus familiares soubessem, era algo meu, íntimo, enfim.
A cada vez que ia visita-lo me confraternizava com os demais velhinhos e ouvia as suas histórias, suas tristezas, suas alegrias e tentava absorver ao máximo as suas experiências de vida.
Além é claro de compartilhar com a presença do meu bom e velho amigo, ouvi muitas histórias de abandono, maus tratos e imensa solidão.
Homens e mulheres que um dia contribuíram para o crescimento e o desenvolvimento deste País, mas que agora estavam a margem, abandonados pela sua própria família.
Alguns não foram abandonados, necessitavam apenas de cuidados especiais, coisa que muitos filhos ou parentes não podiam arcar, as histórias eram diversas e os seus desdobramentos culminavam para aquele fim e esta era a situação do meu amigo.
Um dia conversando com este meu velho amigo idoso, o perguntei se ele tinha filhos, se já viveu um grande amor, se um dia teve de fato uma família, pois de todos era o único que não havia filhos para o visitarem.
Seus olhos marejados de profundas lagrimas me confidenciaram que não teve esta oportunidade, ou seja de ter uma família, disse-me que casou novo, morava na roça e se apaixonou perdidamente.
Sua esposa era a alegria de seus olhos, quando chegava em casa todas as tardes depois da lida.
Contou-me que seu coração batia forte toda vez que avistava aquela mulher que arrebatara seu coração, seu amor e seu desejo eram sempre voltados para ela.
Perguntei o que mais a agradava naquela que era a mulher de sua vida, ele simplesmente me respondeu; "O seu olhar, menino! O que me encantava nela era o seu olhar."
Muito curioso perguntei se ela havia ficado ali com ele se falecera a pouco tempo, ele contou o que para mim foi algo revelador.
Disse que se separaram ainda na juventude, ela o havia traído, não me deu muitos detalhes, sua fala era firme porém com ar saudosista.
Era como se ele quisesse voltar no tempo para tentar acertar o que havia dado errado, mas como ele e eu sabíamos, o tempo jamais poderia voltar atrás.
Desde que se separou viveu pequenos flertes, coisas insignificantes, tudo buscando preencher o vazio que aquela jovem mulher na época deixara.
Nunca mais constituiu família, passou o resto de sua vida na mais completa solidão, sua saúde fora consumida pelo alcool e pelo fumo, trazendo doenças crônicas que mais tarde contribuíram para a sua morte.
Hoje pensei neste meu bom e velho amigo, mesmo sofrendo do coração, tentou transmitir um pouco de alegria a quem estava a sua volta, inclusive a mim..
Sua vida me deixou ensinamentos profundos, por isso deixo aqui a minha homenagem póstuma ao meu bom e velho amigo.
Descanse em paz.
O Sacerdote.
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